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O Sistema Montessori é eficaz

Neurocientistas demonstraram que a capacidade de memorização é previsível em função da facilidade de cada um em combinar informações auditivas e visuais.

As experiências que estimulam vários sentidos geram lembranças mais fortes. A equipe de Micah Murray, professor associado à faculdade de biologia e de medicina da Universidade de Lausanne (UNIL) e diretor do Laboratório de Pesquisa Neurofisiológicas do Centro Hospitalar Universitário Vaudois ((CHUV), chegou a medir por eletroencefalografia as diferenças  individuais no processo  multissensorial em adultos com boa saúde.

Essas medidas foram feitas enquanto os participantes executavam uma tarefa que consistia em indicar se um estímulo dado lhes era novo ou já lhes havia sido apresentado, como por exemplo, uma sequência de ladrões em uma delegacia de polícia.

“Nós estabelecemos, em primeiro lugar, que existe uma ligação direta entre a atividade cerebral em resposta à informações multissensoriais num determinado momento e as capacidades posteriores  de reconhecimento visual de objetos.”, explica o professor Murray, citado em um comunicado da UNIL e do CHUV.

De acordo com ele, “esses resultados abrem a via para uma estratégia de aprendizagem particularmente eficaz, o que Maria Montessori havia sugerido há mais de um século, mas que não havia, ainda, sido provado por métodos neurocientíficos. ”A atitude destacada pode, segundo pesquisadores, ser utilizada para melhorar os métodos atuais de ensino, de formação e de reeducação”.

 

Dogmas antigos e contraditos:

Demonstrando que uma exposição visual única a um novo objeto, acompanhado de um som sem significado (ou vice-versa), poderia ajudar  algumas pessoas a reconhecerem esse objeto mais facilmente no futuro, o estudo contradiz dogmas psicológicos antigos segundo os quais a mudança de contexto entre a aprendizagem e a fase de lembrança é desfavorável para a memória.

O contexto de aprendizagem e de memória podem estar ligados a estados externos ou internos (p.ex. o fato de se encontrar num determinado lugar em estado de latência) ou a estímulo preciso (p.ex. uma cor ou uma posição). Tradicionalmente era corrente pensar que a memória era mais performática num contexto em que a aprendizagem e a rememorização não mudassem.

“Nosso estudo demonstra que exposições únicas a contextos nos quais vários sentidos são estimulados são suficientes para melhorar a capacidade de reconhecimento em relação aos contextos puramente unisensoriais. Nós estabelecemos pela primeira vez  que se pode predizer essa capacidade de acordo com a maneira como uma pessoa interioriza informações multisensoriais”, precisa o Prof. Murray. Esses trabalhos são publicados na revista “CurrentBiology”.

 

De um artigo publicado pela Universidade de Lausanne / Centro Hospitalar Universitário Vaudois , em 19 de agosto de 2014.

Tradução do original por  Sonia Maria Braga.